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...

Ele pegou sua caneta...
...e bateu embaixadinha
...e catou as latinhas que estavam no chão
...e varreu o chão como todas as manhãs
...e ficou vigiando a portaria
...e pegou rapidamente as sacolas de lixo
...e colocou as compras dentro da sacola plástica
...e nasceu
...e viveu
...e amou
Escreveu sem usar tinta nem papel, como todos os escritores que não puderam conhecer a magia das letras. Mas, mesmo com canetas que não usam tinta, nunca deixou de escrever.

Zahori

 
 

Repouso

Como num nascer, acordo velho. Velho pouco, que ontem ainda não era, o senhor grisálheo que hoje vejo no espelho.

Desconhecidas novas pessoas de branco preenchendo-me naqueles nunca vistos corredores branco-velhos. Um quarto, uma cama, um criado mudo contendo nada; um nome: Zé Maria, chanfrado ali sobre o desconhecido mal arrumado leito. Aqui, a velha cama era minha e nova; tudo há muito tempo meu e novo; antigos olhares nunca vistos, surpreendendo-me em faces novas e roupas brancas; velha papa amarga testando meu paladar pela primeira vez.
Não queria sair do banho, não precisava. O forte rapaz de branco fez-me dormir.

Um leito, estranhamente chanfrado Zé Maria.

O café amargo sobre a grande mesa, e minha filha novamente, atrasada, dormindo.

O forte homem insistia em me tirar do banho. Eu não queria dormir tão cedo.

Fito minha filha. Minutos que não a via, agora mostra-me (jovem) anos mais velha. Miro uma lágrima em seu rosto, ignoro-as (filha e lágrima). Ela conversa com um desconhecido homem forte de branco : “Alzheimer, coitado”

O.C.

 
 

Aprendizado

Oi. Meu nome é Rodrigo, e eu vim aqui pra tenta me abrir com vocês, tentar falar um pouco do meu vicio.
“Oi Rodrigo”

Não sei se já me sinto seguro o suficiente pra me abrir assim com tanta gente, mas como já ouvi o problema de muitos de vocês acho que esta na hora de eu tentar.
Eu venho de uma família muito atenciosa, nuca me faltou nada, nem carinho nem nada material. Da minha mãe, desde que eu nasci, recebi algo que já na primeira vez eu sabia que era aquilo que eu queria pro resto da vida, mas isso foi tirado de mim. Foi então que eu conheci minha perda, a fonte de todas minhas desgraças. Por causa dela meus amigos me tiram sarro, minha mãe diz-se decepcionada, e eu já não sabia mais o que fazer pra me livrar da maldita.

No começo eu nem gostava muito, comecei apenas pra afastar de mim a magoa de haver perdido algo que pra mim era tão importante. Mas com o tempo fui aprendendo a gostar e acabei por me apaixonar, e por mais que eu tentava não conseguia me afastar disso.

Cheguei a fazê-lo escondido de todos diversas vezes, muitas delas acabei sozinho, jogado num dos cantos da casa a chorar, outras até me machuquei pra conseguir um pouquinho que fosse.

Minha família, sempre que podia, tentava me separar dela, mas eu sempre achava uma forma de pegar mais, e com isso todos que me amavam foram desistindo de mim. Ao ver isso, comecei a me sentir mal, a consciência pesou e finalmente resolvi me livrar de uma vez por todas do que me separava de meus amados.

No começo parecia impossível, achava que nunca iria conseguir. Pensei em me matar diversas vezes, mas aí encontrei vocês, anjos da minha vida.

Agora tenho 6 anos e tenho muito orgulho ao dizer que já faz três semanas que não coloco a mamadeira na boca.

Neto

 
 

Espelho

Acordo. Olho-me no espelho do meu quarto, um espelho tamanho médio, o suficiente para que eu veja meu rosto confortavelmente. Olho-me, orelhas, boca, nariz, e que nariz. Encontro-me com meus olhos que estão azuis, fito-os, e, como um gato que salta lesto e seguro mergulho naquele mar borbulhante, denso como a noite. Mergulho no meu mais luxurioso desejo e no meu mais bacante passado. Memórias de ontem surgem boiando em garrafas cheias de um liquido que me parecem o mais fino licor. Bebo uma, uva, e a imagem de um beijo roubado por causa de um pirulito.

Estou fora do mar, malhado ainda, caminho sobre aquela branca areia que serviu de leito para Marilia e Dirceu em seus sonhos ornados com flores. Caminho em direção a uma grande árvore com suas raízes brincando com o ar e penetrando a carne da doce areia, caminho. Parecia estar mais longe! Toco-a.

Levanto-me vendo uma lua diante dos meu olhos, uma lua fria, estéril. Estou sem minha roupas molhadas, visto uma espécie de túnica azul, uma túnica que retira o brilho da vida de qualquer mortal que a vista. Uma mangueira sai do meu braço e vai até uma bolsa com água. Eu havia tido outro ataque epilético.

Zahori

 
 

Não viveu Ramona

Cresceu Ramona no mundo paralelo ao nosso, ou, julgando o nossa paralelo ao dela.
Cresceu Ramona com linguagens paralelas às nossas, ou, julgando nossas linguagens paralelas às dela.
Cresceu Ramona com amigos imaginários, ou, com amigos verdadeiramente verdadeiros (livres de pleonasmos e aliterações).

Cresceu Ramona rodeada por alguém que a amava (enfatizo: verdadeiramente amor verdadeiro, segundo Ramona); que sem conhecê-la (ou sim, segundo Ramona), era fiel ao amor, fiel às necessidades ramônicas.
Mais fiel que o real (caso Ramona permitisse classificar o não real como portador desse nome).

Fiel nas demasiadas (ou não segundo Ramona) noites imaginárias dentro da vastíssima (segundo Ramona) ventilação de sua janela fechada.

Ramona, sob a porta fechada, em todas as demasiadas (ou não segundo Ramona) noites, intra-fingia um entendimento sobre o porquê da ausência corpórea do “ser fiel”.

Envelheceu Ramona, sem ver as rugas na face de seus amigos; envelheceu Ramona, sem mostrar as rugas aos deboches alheios; envelheceu Ramona sem direito à falta de liberdade. Morreu Ramona sem a mão da nobre ironia, sem a perna do riso sarcástico, sem o braço do olhar verdadeiro do amor.

Morreu Ramona sem perceber alguém real, presente a seu lado, que esperou reciprocidade.

O.C.