Espelho
Acordo. Olho-me no espelho do meu quarto, um espelho tamanho médio, o suficiente para que eu veja meu rosto confortavelmente. Olho-me, orelhas, boca, nariz, e que nariz. Encontro-me com meus olhos que estão azuis, fito-os, e, como um gato que salta lesto e seguro mergulho naquele mar borbulhante, denso como a noite. Mergulho no meu mais luxurioso desejo e no meu mais bacante passado. Memórias de ontem surgem boiando em garrafas cheias de um liquido que me parecem o mais fino licor. Bebo uma, uva, e a imagem de um beijo roubado por causa de um pirulito.
Estou fora do mar, malhado ainda, caminho sobre aquela branca areia que serviu de leito para Marilia e Dirceu em seus sonhos ornados com flores. Caminho em direção a uma grande árvore com suas raízes brincando com o ar e penetrando a carne da doce areia, caminho. Parecia estar mais longe! Toco-a.
Levanto-me vendo uma lua diante dos meu olhos, uma lua fria, estéril. Estou sem minha roupas molhadas, visto uma espécie de túnica azul, uma túnica que retira o brilho da vida de qualquer mortal que a vista. Uma mangueira sai do meu braço e vai até uma bolsa com água. Eu havia tido outro ataque epilético.
Zahori
Só faltava dizer que você chorou por ter despedaçado as flores que estão no canteiro...
Muito bom!