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Uma grande pedra no meio do caminho
(qualquer intertextualidade é mera coincidência)


“Prezado leitor(a) gostaria de dar a minha opinião...”
− Ai! Meu Deus, assim não pode.
“A opinião se faz necessária...”
− Opinião não, muito achismo.
“Faz-se necessária uma observação acerca da padronização...”
− Agora acho que ficou “enformado” o suficiente; é assim que deve ser né professora? Dentro do padrão. São quantos parágrafos no máximo mesmo? Ai, e agora, vou fazer uem uel e federal, quero ver eu decorar as três estruturas. 30 linhas, 4 parágrafos, 4 a 7 linhas por parágrafo...

Infelizmente cenas como estas são mais comuns do que se pode imaginar, apesar de aqui exagerados, esses diálogos ocorrem muito freqüentemente. Os alunos, cada vez mais, estão sendo sufocados pelos textos que devem produzir.
É incrível a separação imposta entre a literatura e a redação feita no colégio e nos vestibulares. É engraçado como enaltecemos de um lado o modernismo como a escola revolucionária que acabou com a “prisão formal”, e por outro é ensinado como fazer um texto quase que parnasiano onde só falta cederem régua aos alunos.

No segundo ano tive uma aula sobre a pedra no meio do caminho, eu só via um objeto que o Drummond por muita preguiça de tirá-lo resolveu escrever uma poesia, mas meu professor fazia relações metafísicas entre a pedra a lápide e a morte. Nunca saberemos se foi a morte ou a preguiça que fez o autor escrever essa poesia, mas sabemos que se qualquer aluno do ensino médio escrever em uma dissertação pedra como sinônimo de morte receberíamos um soco no estômago do corretor ou no mínimo uma nota muito baixa.

Pior seria se usássemos da antítese assim com fez Camões “contentamento descontente”, ou é contentamento ou é descontentamento, nesse caso receberíamos uma nota no canto da prova “buscar significado de contentamento”.
No caso de escrevermos “amar, verbo intransitivo” haveria sem sombra de duvida um sermão sobre transitividade dos verbos pois quem ama, ama alguém, logo é transitivo direto.
Esses ainda seriam erros leves comparados à simples idéia de fazermos como Guimarães Rosa e inventarmos palavras que se encaixem às nossas “necessidades literárias”.

Obviamente meu propósito não é pregar a produção dos tipos de textos citados, é evidente que não se pode dar total liberdade à produção de um texto literário, em primeiro lugar porque ficaria inviável estabelecer critérios para avaliação levando em conta tamanha subjetividade desse estilo. Mas o que eu indago é o seguinte: E se o aluno não quiser fazer uma conclusão explícita? E se ele quiser fazer cinco parágrafos de desenvolvimento? E se ele quiser encher o texto de perguntas? Num texto onde um eufemismo é tratado como “ditado popular”; onde numa sinestesia é escrito “uso incorreto de adjetivos”; onde numa prosopopéia o corretor pensa “estrela é o nome de alguém?” – realmente fica meio difícil.

A inflexibilidade dos padrões textuais está beirando a inconseqüência: Dia a dia acrescenta-se uma minúcia avaliativa e retira-se uma liberdade estética; e em prol de que? Sinceramente não sei, talvez para melhorar a avaliação; fazer uma “pseudojustiça”; pelo prazer de estabelecer uma regra clara do que pode e não pode para o aluno; ou simplesmente para facilitar a correção dos milhões de redações por segundo para cada corretor da banca.

Independente do motivo, o fato é que as redações estão sim, pautadas por uma padronização excessiva. Aí é que me surge a indagação: Bem antitético, em um lado incentivam o estímulo à “criatividade” de tal modo que crianças de sexta série não têm erros gritantes corrigidos para não “boicotar a criatividade do coitado”; aí do outro lado da escola parece que fazem força para esse boicote. Com a imposição de textos enformados em retângulos, qual direito o aluno tem de explorar os vastos campos semânticos da língua; qual direito o aluno tem de explorar as vastas figuras de linguagem, se vive aterrorizado por escrever um “você” em suas linhas; qual direito o aluno tem de passar o inconformismo da falta de direitos da primeira pessoa, se o corretor ao passar de olhos só consegue circular de cor-de-rosa “qual direito; qual direito; qual direito...” escrevendo “repetição”, sem enxergar as entrelinhas.

O mais triste porém, é que os foi “aprendido” a pensar em 200 palavras, a padronização é tão exacerbada que até as idéias saem quadradas. O aluno é tão acostumado a expressar suas idéias ali naquele quadrado parnasiano, que na hora de qualquer discussão de nível um pouquinho mais elevado (se é que elas ainda existem), o coitado fica perdido: Meu Deus, e agora, meu argumento ainda não tem introdução.

E isso acarreta num ciclo vicioso: cada vez mais lixos textuais, com erros grotescos, que poderiam muito bem serem inteligentíssimas figuras de linguagem em um outro texto, mas não são. Infelizmente é de se esperar do aluno realmente o erro, já que não é nem mencionado o conteúdo literário de um texto para o pobre; o coitado olha para o papel, e não tem a mínima idéia de como fixar as livres idéias ali no quadradismo das linhas. E o pior é que alguns ainda têm a coragem de olhar para os lixos textuais, encher o peito, e dizer com orgulho: “A culpa é da falta de leitura”.

O.Calderon e Sr. Zahori

 
 

Carequinha computadorizado


Raimundo vivia triste e solitário. Isso porque ele não era como os outros garotos de sua idade (nem das outras idades para ser sincero). Ele tinha os olhos de cores diferentes, o direito era preto e o esquerdo era azul, e se não fosse suficiente ainda tinha a cabeça pelada.
Acho que todos já conhecem esse conto do nosso grande Graciliano Ramos, onde o menino vai parar em Tatipirum, um país idealizado pelo mesmo, no qual todos eram iguais a ele (fisicamente falando) e tudo conspirava a seu favor, desde as laranjeiras abrinrem passagem até o rio juntar suas margens para que pudesse atravessar.

Essa história, que funde o verossímil ao inverossímil, transcorre diariamente com muitos. Pessoas se isolam em seus “mundinhos” fantasiosos por acharem o real complicado, injusto, ou ainda por apenas não corresponder às suas expectativas. E isso se tornou ainda mais fácil e corriqueiro com os novos espaços virtuais como o Second Life.
Sobretudo adultos, e não só crianças e adolescentes como seria de se esperar, usam suas vidas virtuais como escapes para seus problemas. O jogo foi, espero eu, criado para a diversão, mas há pessoas que passam três, quatro, doze horas sendo no utópico o que queriam ser no legítimo.
Não deveriam essas pessoas, assim como em “A terra dos meninos pelados”, serem maduras como uma criança? E no final, voltarem para a realidade?
Sei que para um paraplégico a idéia de andar, para uma pessoa obesa fingir que é magra ou musculosa, ou até para aquele feiozinho do fundo da sua aula de computação se sentir mais bonito, mesmo que por um meio que não exista, ajuda a aumentar a auto-estima. Mesmo o nome dos “bonequinhos”, conhecidos como avatares, colabora para isso, pois, da cultura hindu, avatar representa um deus encarnado em uma pessoa ou em um animal, então seriam os usuários deuses reais encarnados em seres virtuais? Ou ainda deuses virtuais em corpos reais?

Não posso responder essas perguntas ao certo, mas ao falarmos dos usuários “raimundos”, creio que em suas cabeças se sentem bem com suas mentiras, e delas não querem sair tão cedo; mesmo porque sentem-se criaturas irrelevantes para o mundo não fictício.
Os jogos aparecem nesse caso fazendo o papel de um especialista em depressão ou qualquer outro problema que possa ser. Mas mostram-se especialistas incompletos, ou remédios daqueles que só mascaram a dor, pois o problema perdurará podendo até virar algo mais grave.
Devemos então encarar a realidade, ver que o mundo não é maravilhoso e tentar superar nossas dificuldades nem que para isso tenhamos que pedir ajuda. Pois mesmo com tantos vilões, que até parecem monstros saídos da realidade virtual (irônico não?), também existem pessoas prontas para nos auxiliar com “códigos” capazes de tornar nossas difíceis fazes, mais tranqüilas e fáceis.


Neto